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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Mas que porra é essa?

Passaram-se algumas semanas desde o término das minhas queridas férias, e eis que teria que voltar a frequentar a minha amada e longínqua Universidade Federal Fluminense. Porém, neste curto período de felicidade, que só durara por três míseras semanas, pude desfrutar dos confortos de uma vida de um eterno vagabundo. Nele, tive a oportunidade de ficar acordado até a hora em que desse na telha, e como consequência disso, pude me permitir assistir a diversos programas esdrúxulos da madrugada televisiva(Pros punheteiros de plantão, aviso que não fiquei assistindo Multishow, Cine Privê, muito menos Tele Cine Action). Até então, nada muito anormal ou peculiar. Eis que eu me deparo com algo que mudou a minha vida enquanto
telespectador:
A PROPAGANDA DO SUPERPAPO!

Exatamente, é isso mesmo, não se assuste. Quando eu digo que esta propaganda mudou a minha vida, eu digo que foi para pior. Se você já a assistiu, sabe o motivo pelo qual eu digo isso. Se você não a assistiu, deve estar pensando "Ah o Matheus tá sendo sensacionalista, é apenas mais um comercial de má qualidade que ele arrumou como desculpa pra fazer um texto praquele blog dele". E é verdade. Porém, esta não é uma propagandazinha leve de 2 minutos na qual você olha, sente uma pontada de vergonha alheia e ela passa, daí você volta a curtir o seu programinha. Anúncios assim existem aos montes, como é o caso da Tigre, do Mundial(o supermercado), a TVA(a mulher torcendo pro Uzbequistão é triste demais), a NET com a Claudia Leitte, a Ipiranga e os seus Kilômetros de Vantagem, o Protex e seus 100 versos que não rimam, sem contar nas propagandas eleitorais pra Deputado Estadual. Mas a do SuperPapo já se tornou quase um programa, não apenas um mero anúncio publicitário. Prova disso é que ela ocupa um espaço diário de mais de uma hora na Rede TV. Ou seja, dependendo do seu humor, ou é tortura, ou são momentos de risadas infinitas, pois ela se repete milhares de vezes, assim como o verso de "A Volta do cão arrependido", brilhantemente recitado pelo mestre Chaves.

Mas pra quem não sabe/não faz a menor ideia do que eu estou falando, contar-lhes-ei do que se trata. Simples assim: Todo mundo sabe que comerciais de redes de bate-papo tem um orçamento meio baixo, dai a qualidade do som, do cenário e quiçá dos profissionais de atuação envolvidos ficam claramente prejudicadas. E isso é um prato feito pra você que está assistindo ter a tão famosa vergonha alheia. Por quê? A resposta é simples. Redes de bate-papo geralmente gostam de passar a impressão de serem modernas, com gente bonita, descolada e super na moda. Mas o que aparece é exatamente o contrário. Pessoas não tão bonitas assim, cenários completamente sucateados e um roteiro completamente digno de virar webhit, assim como Lídio Mateus cantando Lei de Gaga.

Começa assim: Uma mulher pseudo-gostosa anuncia o produto e começa a falar coisas boas sobre a rede. Diz que há pessoas interessantes, legais, e que querem te conhecer. No final dá o número do chat e fala sobre os preços. Até ai nada que o diferencie dos demais. Mas é a partir daí que a graça(pra quem a vê) se desenrola. Começa a rolar uma musiquinha de fundo em italiano (aparentemente uma musica romântica), e ai começa uma narração sobre a vida de um rapaz. Ele reclama que trabalha muito, mora sozinho, não tem tempo pra nada, não tem amigos, e queria arrumar uma namorada. (Pausa para os comentários: PORRA! Quem não tem amigos, só vive no trabalho, e não consegue pegar mulher nenhuma NÃO é interessante muito menos descolado.) Eis que ele tem a incrível e genial ideia de ligar para o SuperPapo pra ver se consegue sair da fossa. Na narração, ele começa dizendo algo do tipo "Conheci uma menina muito legal, a nossa conversa foi ótima e a gente marcou de se encontrar amanhã na hora do almoço. A gente se conheceu no... superpapo". (Pausa para os comentários: Deu pra sacar a vergonha alheia até na forma com a qual ele fala de como ele conheceu sua amadinha. A hesitação presente na fala do personagem indica auto-humilhação, ou seja a propaganda deprecia a si mesma.) A saga do personagem sem nome vai se desenrolando. Ele fica apreensivo esperando que a hora do almoço chegue logo, como um menininho de doze anos que não sabe o que fazer quando pede pra ficar com a menina mais bonita da sala. Ele chega ao local de encontro, um local muito escroto, que me lembra o Bar do Seu Carlos (o Náufrago), onde eu fazia as minhas refeições na época de pré-vestibular(lugar este que ficava próximo à um valão, no bairro da Vila da Penha, no Rio de Janeiro). Um lugar nada romântico, com pessoas feias que comem comida podre. Ele chega, e pensa "Ela não veio". Mas espera, pois ela poderia estar atrasada. Nesse tempo, milhões de pensamentos existenciais passam por sua cabeça. Eis que chega a menina de seus sonhos, e ele resolve puxar assunto com ela pela pior forma possível. Mandando um bilhetinho via garçom de buteco. (Pausa para os comentários: PUTA QUE PARIU!!!!!!!!!! Por que não foi lá e falou decentemente? Precisava mandar bilhetinho de admirador secreto?). Eles se conhecem, se amam e terminam correndo e brincando em um parque mais abandonado que o parque Ary Barroso, em frente ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Rio de Janeiro.

Mas não acaba por ai. Aliás, a melhor parte da propaganda vem logo em seguida. Começa uma música com dois cantores, um homem e uma mulher. Ela parece a Ximbica. Ele parece o David Brasil, só que metido a rapper e sem a gagueira. As três primeiras estrofes são cantadas pelo cara, e a última(porém não menos irritante), é cantada pela mulher. Vejam a letra:

“Ficar sozinho não é minha opção,
todo mundo tem alguém, também tenho um coração.

No meio da noite na pista na balada,
tudo muito excitante mas não dá em nada.

Uma noite apenas, uma noite e nada mais
eu me entrego de cabeça, isso não me satisfaz.

Quero entender me entregar, sorrir curtir e te encontrar,
quero é te amar e te beijar fugir contigo desse lugar.”

Mas quem é que ''na pista, na balada" vai se entregar de cabeça? Só sendo muito trouxa, caralho!
Esses míseros versos poderiam ser destrinchados pelo resto do dia a fim de uma reflexão mais profunda, mas esse texto já tá me deixando meio retardado.

Fato é que precisamos de melhores marketeiros e publicitários. Se não a televisão e quiçá a internet estarão em pouco tempo afundadas em coisas desse tipo. E como diria Regina Duarte, "Eu tenho medo".

Pra quem quiser ir acompanhando: http://www.youtube.com/watch?v=2IWtfD5cZQ0