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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Revendo alguns conceitos

O mês de Setembro já vai escorrendo por nossas mãos, e com ele, aproxima-se a data eleitoral. Mas não, não irei voltar ao assunto "Eleições 2010" novamente. Esse texto referir-se-á a uma série de reflexões que tive, por diversos motivos, nesse presente mês, ligados a três acontecimentos históricos de valiosa importância.

Um deles, como todo brasileiro deveria saber, trata-se do dia 7 de Setembro, dia de nossa Independência, declarada por Dom Pedro quando dava uma bela de uma cagada às margens do rio Ipiranga(Faço uso de licença poética, obviamente). O que leva a alguns sempre discutir até que certo ponto vai a nossa independência de fato. Vejo que neste caso a discussão sempre corre mais acerca da noção de soberania do nosso povo em relação ao território nacional do que de fato uma indepêndencia, uma vez que nenhum país em uma era globalizada pode se dizer 'auto-suficiente', como já afirmara o geógrafo Milton Santos em uma de suas obras. De fato, o que se ouve, é que muitas das vezes, nossos projetos 'desenvolvimentistas' acabam por atender os interesses do capital estrangeiro em detrimento dos interesses imediatos da população. E isso é verdade. Mas não vou chover no molhado.

A outra data a qual eu me referia(e na qual me aprofundarei mais intensamente), como já era de se imaginar, é referente ao dia 11. Em 2001, as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, foram atingidas por aviões e desabaram, matando muitas pessoas, o que deu inicio a um combate anti-terrorista Norte Americano sem precedentes. O Pentágono também foi alvo de ataques. A partir deste marco, veiculou-se na mídia uma série de informações contra o Islamismo e seus valores e princípios, gerando um temor geral dos ocidentais em relação ao povo muçulmano e a à sua religião, formando preconceitos etnocentristas através de informações omissas e tendenciosas. A partir dai, justificam ocupações militares no oriente médio, intervenções e sanções a alguns países, sempre colocando-se como defensores da igualdade e da democracia. Há certamente alguma coisa estranha nisso tudo. Há de se lembrar de muitas coisas que não são faladas, ou quando são, de forma muito superficial ou até mesmo pejorativa.

Já há alguns anos que o governo norte-americano ocupa militarmente regiões como o Iraque e o Afeganistão. Nesses processos, certamente o número de mortos já superou o do atentado terrorista tão demonizado(com até certa razão, porém com uma dose absurda de sensacionalismo). Os ataques e bombardeios são feitos geralmente a noite, para assim poderem destruir o que e onde quiserem com a falsa desculpa de que os lugares atacados são 'armazéns' de armas de destruição em massa (Isso provavelmente foi uma lição aprendida com a guerra do Vietnã, onde os estragos causados pelo Agente Laranja foram televisionados para todo o globo). Muitos dos soldados são pobres e vão para esses lugares lutar por algo que eles nem sabem ao certo do que se trata. Os filhos do engomadinhos governantes sempre se livram dessa. Colocam e destituem ditadores do poder, como foi feito com Saddam Hussein, de forma quase que arbitrária. Apoiam militarmente o Estado de Israel, que coloca palestinos em campos de refugiados! Não seria muita viagem lembrar que condenavam os campos de concentração dos nazistas na segunda grande guerra, e agora apoiam algo que não é muito diferente (e isso não se trata de hipérbole alguma, haja vista que há autores que fazem tranquilamente essa relação entre os campos de concentração e os de refugiados). Podia listar muitas outras coisas por aqui, que você dificilmente vai ouvir no Jornal Nacional, mas acho que os exemplos expostos já justificam o meu ponto de vista.


Mas o que eu gostaria de dar mais ênfase é a um episódio da história recente da América Latina, e que passa despercebido a cada ano. Falo novamente do dia 11 de setembro, porém do ano de 1973. Nesta data, acontecia um dos fatos mais tristes da história do Chile. O Governo da Unidade Popular, do presidente Salvador Allende, sofre um golpe de Estado, liderado pela elite do país, e COM O APOIO DO GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, que pôs no poder o sanguinário Augusto Pinochet, dando início à mais cruel ditadura Latino Americana(vale lembrar que os EUA apoiam também neste mesmo periodo, ditaduras em outros páises, inclusive no Brasil) e o então presidente do Chile é ASSASSINADO quando tropas militares invadem o Palácio de La Moneda, sede do governo. Allende havia sido eleito DEMOCRATICAMENTE pelo povo chileno. E em seus poucos três anos de governo conseguiu implantar uma reforma agrária e a nacionalização de empresas estrangeiras. Feitos esses, que estão diretamente ligados às ideias de soberania popular e democracia que foram abordadas anteriormente. Allende anteriormente, em 64, perdera as eleições para o democrata cristão (não porra, não é o Eymael) Eduardo Frei, direitista, que venceu graças à uma máquina publicitária montada com a ajuda da CIA.


Mas por qual motivo será que este evento histórico de suma importância não tem a mesma repercussão que os atentados às torres e ao pentágono? Será esta uma tentativa de vitimização que o governo norte americano tenta fazer pra se aliviar das mortes e torturas que já causou no resto do mundo, usando como exemplo, as vítimas do atentado? E cabe aqui também outra pergunta: Quem é o terrorista, afinal? É o fundamentalista que joga os aviões e que se explode em praças públicas, ou é um aparato estatal burocrático de dimensões política, econômica, social e cultural, que mata pessoas das mais variadas formas(inclusive de fome), oprime e subjuga? Minha resposta para tal pergunta é a seguinte: Ambos! Porém o segundo, com um grau de influência e dominação maiores, é mais perverso e sanguinário.