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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Violência, paz no rio, UPP e blablabla

"Tem que tacar bomba na favela mesmo, foda-se quem tá lá!"

"Direitos humanos é o cacete!"

"Pena de morte neles!"

"Se reduzisse a maioridade penal não ia ser assim!"

Num momento em que tudo o que eu ouço são barulhos de tiro e helicópteros sobrevoando favelas, tudo o que eu quero é poder sair de casa sabendo que tem ônibus pra poder voltar, e a única coisa que eu posso fazer é torcer pra que poucas pessoas morram. Dai vem uma galerinha via Twitter e SMS pro programa do Datena, clamar por por paz através da violência? Na boa, vão se fuder, fascistada desgraçada! Que tal esconder uns bandidinhos nas suas casas e tacar bombas lá? Não me parece uma má ideia.

O governador vai a rede nacional dizer que a cidade está pacificada. Quem acredita? Há quem acredite que ele esteja se esforçando pra acabar com o tráfico. Se estivesse, muita gente de colarinho branco já tinha ido pra vala junto com traficante. Como um problema social pode ser resolvido quando só a Polícia sobe o morro? Por que, além de "pacificarem" comunidades, as escolas, esgoto, cultura, etc. não sobem também?

E você caiu nessa fantasia do Cabral? HAHA, pegadinha do Malandro!


(Charge de Carlos Latuff)

sábado, 20 de novembro de 2010

Esclarecendo

Há algumas postagens atrás (mais exatamente no mês de Junho), eu falava sobre a concepção do ódio e do preconceito que muitas pessoas têm, ao meu ver. No último parágrafo, redigi o seguinte: "O ódio carrega há séculos uma conotação perversa, que certas pessoas tentam incriminá-lo e abominá-lo radicalmente, enquanto na verdade ele existe invariavelmente e faz parte de nossas vidas. Não podemos negá-lo. Mas também não podemos fazer dele a base de tudo, é óbvio"

Não sei quantas pessoas leram esse texto, muito menos que tipo de reflexão ele foi capaz de proporcionar a quem leu. Fato é que essa minha afirmação pode ter indicado que eu seja relativamente tolerante a certos tipos de preconceito com os quais eu não sou (e nesse ponto eu posso estar sendo preconceituoso com o preconceito, mas minha abordagem não é essa). Digo isso graças à certa onda (não sei se esse é o termo certo, pois não tenho noção absoluta da 'adesão') de xenofobia que foi percebida nos últimos dias no Twitter. No ''Microblog", dois perfis, @Ju_Tedesco e @mayarapetruso, foram os principais focos de mensagens racistas, homofóbicas, bairristas e classistas. Não acredita? Analise o que foi postado em ambos os casos, a começar pelo primeiro a ser mencionado:
"O Brasil carrega nas costas 'peso morto' gente q vota com o estomago, eles são o fracasso da nossa nação"

"Homofobia sequer existe, é uma palavra inventada pelos gayzistas, aceitem isso. Não é crime e não existe"
"São Paulo sustenta o Nordeste, isso é um #fato, convivam com isso"
"Bom dia para todos, menos para os gays, pretos e nordestinos"

(Fonte: Blog do Miro)

O Fato de São Paulo ter a maior parte do PIB brasileiro não quer dizer que a matéria prima que torna isso possível seja toda de lá (e não é, nem em sua maior parte). O que mostra que a cidade (ou o estado) não é auto suficiente (nem nunca será), logo, há uma (inter)dependência dela com outras áreas do país, incluindo (e destacando) o próprio nordeste. No que diz respeito a negros e gays, o absurdo vai tão longe que eu não consigo nem achar palavras para discorrer sobre tal. O engraçado é que isso é postado supostamente por uma mulher, que (caso seja mesmo uma mulher, não um fake neonazista) provavelmente já sofreu discriminações de gênero, como a maioria delas. Será que sua visão é tão limitada a ponto de não conseguir enxergar que a discriminação para com as mulheres tem a mesma origem do que as que sofrem os 'grupos' anteriormente citados (ou seja, a herança de uma sociedade patriarcal, moralista, segregacionista e altamente hierarquizada)? Sinceramente, não dá pra entender
Já no caso de @mayarapetruso, a linha de pensamento é bem semelhante, embora restrito aos nordestinos. Veja:



E ela ainda ataca de pseudo-anarquista revoltadinha no Facebook:
O mais curioso disso tudo, é que as afirmações dela são completamente contraditórias (além de ignorantes). Já que a infeliz não curte pessoas do nordeste, por que ela estaria tão revoltada com a eleição do "Dragão" (Dilma)? Não foi no governo do PT onde muitos nordestinos voltaram para o nordeste graças a novos empregos de empresas grandes que lá se instalaram? E nos governos anteriores, a migração de indivíduos do nordeste pro sudeste não foi muito maior? Ela não deveria ficar mais feliz?
Ambos os perfis já foram deletados, não sei se pelos próprios usuários, ou pelas próprias redes sociais: Se a primeira hipótese for verdade, é uma pena, pois em vez de irem a público desculpar-se pelas merdas postadas, pediram pra cagar e foram embora. Se a segunda hipótese for verídica, mérito para os sites que não deixaram mensagens desse tipo serem propagadas.
Você pode chegar e argumentar: "Ah, mas você tem preconceito com Axé, Funk, gente fútil e mesquinha, cantoras/es pop etc." Tenho mesmo. Mas não odeio o axé por ele ter seus principais nomes na Bahia (que aliás, é a terra do Vivendo do Ócio, uma das minhas bandas nacionais preferidas), nem odeio a Bahia por isso (apesar de já ter viajado pra lá e não ter gostado muito). O mesmo vale para o Funk, não por ter suas origens na periferia (até porque, apesar de ter uma condição boa, moro num bairro suburbano do Rio de Janeiro), simplesmente por não ser um som que me agrada. A regra é a mesma para as/os cantoras/es pop, não gosto da música, do estilo e da atitude, seja quem for, de onde for. No que diz respeito a pessoas fúteis e mesquinhas, apesar de estarem mais associadas às classes mais ricas, não necessariamente dizem respeito a condição social. Conheço pessoas muito ricas que são humildes e pessoas relativamente pobres que agem como se fossem a Christiane Torloni nas novelas da Globo. Nada relacionado a lugar de moradia ou nascimento, condição social, gênero, cor de pele ou sexualidade. Esse tipo de discriminação eu realmente não tolero, principalmente quando a Xenofobia se faz presente na discussão política.