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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Demência

Quem me conhece sabe. Eu sou um demente. Mas o que talvez você possa não saber é que meus amigos também são tão dementes quanto eu (ou até mais, pasmem).

Um dia desses estava com uns amigos e minha namorada em frente a uma barraquinha de podrão no meu belíssimo bairro. Enquanto esperava por meu X-Bacon esperto, ficava analisando a carne e o resto dos ingredientes ficando prontos na chapa. Obviamente havia ovo ali. Dai lembrei de umas aulas de biologia (às quais eu prestei parca atenção) do Ensino Fundamental ou Médio que falavam das galinhas. Lembrei de algo no livro que dizia que os ovos galados (ou seja, com o negocinho do galo) viravam pintinhos, enquanto os não galados viravam os ovos consumidos por seres humanos (não sei se é assim que funciona porque não sou biólogo nem nada do tipo, mas foi isso que eu entendi). Depois de -lo fritando por algum tempo, minha mente veio com a seguinte ideia:

- Caralho! Vocês comem a menstruação da galinha!

Todo mundo me olhou com aquela cara de "Que merda é essa, Matheus?". E eu já fiz questão de explicar o meu ponto de vista:

-Quando o galo vai na galinha, põe a paradinha dele nela e zaz, vem um pintinho! Quando ele não põe, vem o ovo que os seres humanos gostam de comer! Quando um cara vai, come a mulher e põe o bagulhinho dele nela, vem um filhote. Quando ele não vai, vem o que? A menstruação!

Tudo bem, meu argumento pode ter falhas científicas evidentes, mas se usarmos como figura de linguagem, é extremamente compreensível!

Eis que um dos meus amigos solta:

-Já que é assim, a menstruação da vaca é o leite!

Porra, puta gente burra essa com quem eu ando. Demoro dez minutos pra formular um pensamento todo lógico que iria mudar a vida da humanidade e vem o cara querendo meter um papinho desses? Já que é assim quando a mulher engravida, a menstruação dela sobe pro peito e ela em vez de usar um absorvente usa uma criança. Que absurdo!

(Esse foi um texto demente)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Hierarquização artística?

"E o vencedor da categoria Vou ficar com a perna grossa de 2010 é: RESTART!"
"E quem leva o prêmio na categoria de ganhamos a porra toda porque temos fãs adolescentes que ficam o dia inteiro na Internet votando na gente é: RESTART!"



"Mas o próprio poema é rico em significado porque cada um tira dele o seu próprio poema. O poema que irão extrair dele, depende da imagem que nos inflama"
(Jacob Bronowski, "O Espírito Imaginativo na Arte")



Com essas sentenças que parecem completamente desconexas, é que começo a escrever sobre algo que já pensava há tempos: Volta e meia nos deparamos com notícias acerca de artistas. Quando não são sobre a vida pessoal (como nos excelentíssimos TV Fama, Superpop, A Casa é Sua, Estrelas, ou quaisquer outros lixos de informação) ou shows, exposições, espetáculos e/ou novas empreitadas artísticas, os vemos muito em premiações. É Troféu imprensa pra cá, VMB pra lá, Prêmio Multishow, Os Melhores do ano no Faustão, Oscar, Globo de Ouro, MTV Movie Awards, Framboesa de ouro, Grammy, blablabla...

Eu sempre me indaguei sobre quais seriam os métodos de avaliação para chegar-se ao vencedor de um prêmioexceção das premiações baseadas no voto popular, obviamente). O mais perto que cheguei da resposta foi imaginar a possibilidade da criação de fórmulas por parte de críticos de arte para conseguirem chegar a um resultado, que seria o vencedor, uma espécie de equação. Pelo visto errei feio. Além disso, fico com a seguinte dúvida: Se eu gosto de Rock n' Roll, e uma banda que eu detesto ganha um prêmio de melhor banda desse estilo, eu devo passar a gostar dessa banda pelo simples fato dela ter sido escolhida a melhor (e aceitar esse fato), por um grupo de pessoas que teoricamente entendem mais de música do que eu? Ou, em contrapartida, eu devo deixar de gostar desse estilo musical pelo fato de seu principal expoente ser uma merda em minha opinião? (A dúvida poderia ser válida pra qualquer tipo de arte, como pintura, poesia, teatro, cinema etc. Usei o exemplo da música por ser o tipo de arte que mais me desperta interesse)

No caso daquelas cujos vencedores são escolhidos através do voto popular, a lógica também vale. Imaginemos uma pessoa que goste de música Pop, porém que não suporte o grupo Restart. O que essa pessoa deveria fazer? Ficar quieta e dizer que a banda é boa porque a maioria dos votos foi pra ela, e assim, ir com o fluxo? Não me parece muito inteligente. Como o próprio Bronowsky afirma, "Não se pode olhar para um quadro e achá-lo bonito por meio dum simples acto passivo de ver"

O que venho a afirmar a partir dessas indagações (que até podem ter respostas, porém, que não me satisfazem) é que a arte (seja ela qual for) não possui hierarquia, governo nem patrão. Ela é baseada no sentimento, no pensamento, na troca livre de ideias, na ideologia, e não em padrões rígidos que possam tornar possíveis comparações do tipo "Melhor X Pior" e que possam ser aplicadas a todas as pessoas, como se fosse uma ciência. Prova de que essa aplicação é simplesmente impossível, é que grande maioria das pessoas que gostam de rock brasileiro não consideram a Pitty (vencedora da categoria no VMB 2010) como melhor nome da cena na atualidade, e grande parte delas sequer gosta de suas músicas (inclusive o autor desse texto).

Não existe, de forma alguma, "O melhor disco de 2010", "A pintura mais bela de todos os tempos", "A melhor peça de teatro de todos os tempos"... Pode haver tudo isso para mim, para o meu interior, para os meus pensamentos, enquanto "os melhores" para quem está lendo podem ser completamente diferentes, ou até convergentes. E é isso o que torna a arte tão sensacional, a capacidade que ela possui de causar em cada um de nós sensações diferentes, a ponto de nos dar a liberdade de escolhermos nossos melhores músicos, pintores, atores, poetas, e por ai vai.

Vejo que esses tipos de premiações são quase institucionalizadas e nunca questionadas. Isso me incomoda, pois torna o público passivo, sem pensamento próprio, perdendo o que a arte pode proporcionar de melhor, que é a reflexão. Não devemos deixar que uma sociedade tão hierarquizada e ao mesmo riquíssima em informações nos tire a riqueza da arte, hierarquizando-a. E isso não quer dizer que eu seja contra o reconhecimento do sucesso de artistas. Digo que sou contra a veiculação da idéia de que "mais famoso = melhor qualidade". Quando o termo "melhor" for trocado por "de maior popularidade" ou "de maior destaque", chegaremos a uma condição mais justa de premiar artistas. Afinal, todo ano rola um "Injustiçado" no Oscar, não?