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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O medo da internet

Há tempos venho tentando escrever sobre isso. Tenho acompanhado uma parcela de blogueiros progressistas (apesar de não entender muito bem essa denominação) e venho percebendo a importância desse veículo para a análise e interpretação de muitas coisas que ocorrem no mundo. Além disso, gostei do que vi. Análises independentes, bem escritas, com posicionamento político bem definido, indo contra uma corrente de jornalismo reacionário que enfesta a televisão nacional há décadas.


De cara, notei com abordagens bem diferentes do usual. Aliás, algumas chegam a ser completamente antagônicas, se compararmos com os 'jornalões' da tv aberta. Enquanto a grande mídia ataca políticas e movimentos sociais num caráter extremamente elitista (disfarçados de jornalismo independente e imparcial), esse grupo crescente de blogueiros tenta mostrar o outro lado da moeda, ou seja, o que os "poderorosos" da informação fazem questão de não mostrar. Um caso desses, que fiquei sabendo através de um desses blogs, foi o do resultado de um aluno de uma escola do MST, que alcançou a melhor nota de um município em Santa Catarina. A imprensa de massa nada falou. E como sempre, tratam a questão agrária como caso de polícia, focando única e exclusivamente nas ocupações organizadas pelo movimento, como se fossem um bando de delinquentes e desocupados, deixando completamente de lado a luta pela reforma agrária.

Outro exemplo foi uma capa recente da revista Veja (provavelmente inspirada em outra revista de qualidade também deplorável, a Caras) abordando o "bom-mocismo" do casal de apresentadores Luciano Huck e Angélica. Eu tive o desprazer de ler essa matéria. Ela é quase uma comédia romântica "jornalística", com tudo que há de pior, exaltando um "estilo de vida" num pano de fundo com um conto pobre de amor. Não sabe (ou não quis dizer, provavelmente) a Veja, que o "bom-moço" é atualmente processado pela prefeitura do município de Angra dos Reis por crime ambiental, resultante de uma ocupação irregular de propriedade sua.

Agora eu pergunto: Se eu não tivesse um mínimo de senso crítico, uma boa formação, e uma informação limitada, o que pensaria? Provavelmente, me espelharia no apresentador que é cabeça de um dos programas mais pobres (em termos de conteúdo) da maior rede televisiva do país, e veria o maior movimento social do Brasil como um grupo terrorista. Esses foram só dois meros exemplos, contudo esse tipo de manipulação acontece aos montes praticamente todos os dias. Por isso destaco a importância dessa nova ferramenta informativa, que tem como objetivos garantir uma maior democratização do acesso à informação e lutar por uma regulação da mídia (que as grandes empresas cismam em chamar de 'censura' ou 'atentado à liberdade de imprensa').

O grande problema é que a mídia privada não é imparcial, ao contrário do que se pensa no senso comum. Ela está ali para atender os seus próprios interesses e dos grupos políticos que a representa (Na maioria dos casos, isso significa DEM e PSDB). Não vai noticiar algo que denigra a imagem dos seus representantes, nem fará análises contrárias aos seus interesses. Tudo isso por causa de dinheiro e poder. Entope a cabeça das pessoas com qualquer lixo de entretenimento fútil, mas não dá uma informação para que possam tirar suas próprias conclusões, tem que ser tudo mastigadinho, é aquilo ali e pronto, você não precisa pensar!

A internet aparece então como uma alternativa para quem tenta se livrar dessa mesmice, e como uma ameaça para quem faz parte de um oligopólio há muitos anos. Apesar de terem sites extremamente acessados, Globo e Record (emissoras que rivalizam, mas na realidade, tem interesses em comum), por exemplo, não possuem, na internet, o domínio que possuem na televisão. Por isso, ouve-se de seus representantes reacionários que deve haver um controle na internet, uma espécie de filtro de informação, como propõe o tucano Eduardo Azeredo, o AI5 Digital (para mais informações, acessar google.com). Os grandes poderosos morrem de medo de uma onda de sites que contenham materiais que sejam contra seus interesses (e o WikiLeaks veio para mostrar isso), e querem cortar o 'mal' pela raíz.

O problema é que a internet nasceu livre. Tentar tirar a liberdade de quem já é livre é muito mais complicado do que manter um oligopólio de um meio de comunicação que sempre se submeteu a grupos pequenos. Vide o que aconteceu após a prisão de Julian Assange.

Agora, se a internet vai superar a televisão como principal meio de comunicação de massa, e se isso vai ser feito num processo democrático como querem os blogueiros e (creio eu) 99% dos internautas, só o futuro nos dirá! Eu creio que é possível, e torço por isso!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Homenagem

É verão. Rio de Janeiro. Nessa época do ano, a cidade se transforma num verdadeiro inferno. Ou você acha, que algum lugar do mundo consegue ser maravilhoso quando o termômetro marca 45° C? Resultado disso: Homens usando camiseta regata como se não houvesse amanhã! Por isso faço a devida homenagem ao programa Badalhoca, de Ronald Rios e Erik Gustavo, que nos presenteou com a belíssima poesia em sua vigésima sexta edição. Ai vai:

"Eis um cenário de envergonhar
Homens usando camiseta regata
Aquele sovaco tão peludo
Que faz lembrar a vagina de uma vaca
Se apenas um sonho eu pudesse realizar
Não seria a paz mundial ou o fim da fome
Muito menos a Debora Secco traçar
Só faria com que a camiseta regata não vestisse mais nenhum homem
Porque é ridículo e eu torço para que acabe
Aquele sovaco de fora fedendo mais do que peixe cru
Então se você não estiver pilotando um iate
Enfia a camiseta regata no cu"
E você ainda me acha estranho pelo fato de eu odiar tanto o verão? Você não sente nojo por amar uma estação onde as pessoas fiquem pegajosas só de botar o pé pra fora de casa, fedem mais do que bacalhau e fazem músicas escrotas que se reúnem num evento chamado Carnaval? Acho que já me entenderam, certo? Enquanto o meu plano de ar condicionado central pra terra não se realizar, o verão continuarei a odiar!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mas que porra é essa? - Parte 2



No mês de Agosto eu redigi um texto acerca da belíssima propaganda da rede de chat chamada Superpapo. A Identificação dos leitores com as minhas opiniões sobre o comercial foi tamanha, que pela primeira (e provavelmente única) vez este site chegou a duas dezenas de comentários em uma única postagem. Confesso que fiquei estarrecido com a popularidade que ela tomou. Resultado disso foi uma conversa que tive com a minha amiga emo, Beatriz Paz, do blog 'Soletra pra mim?' (ver lista ao lado) sobre o quão ridícula é esta bagaça. Sinceramente, não sei porque estávamos falando disso. Mas quando fui ver, o estrago em minha mente já estava feito, e tive que compartilhar com vocês.

Trata-se de um vídeo que recebi no decorrer dessa conversa. Nele, o ator e diretor teatral Luis Sandei fala sobre o trabalho realizado para a empresa de Bate Papo via celular. Eu não sei se ele foi obrigado a falar o que falou devido à cláusulas contratuais (ou algo do tipo) ou se este vídeo foi publicado na web por pura vontade do profissional. Mas isso não importa. Vamos à análise desta pérola que deve ter me deixado com mais vergonha alheia do que o próprio anúncio: Inicialmente, ele se aprensenta, fala o que faz, de onde é e essas coisas que dispensam interpretações. Na sequência, disapara uma afirmação bombástica: "Essa oportunidade que o Superpapo tá dando pra gente é muito legal, muito legal mesmo". Porra! Mas o cara só pode estar de sacanagem. Ou ganhou muito para falar isso. Ou por acaso é muito legal virar motivo de chacota em rede nacional e ser zoado por um blog quase anônimo?

Como se não bastasse, ele solta mais uma momentos depois: "... fui convidado e fiquei muito, muito feliz. E com certeza vou estar ligando e vou participar de outros filmes também do Superpapo." Não, não é possível que depois de já ter participado da maior queimação de filme da história da propaganda, o ator (que por sinal, não parece ser ruim) esteja disposto a continuar indo ladeira abaixo.

E o combo continua: "Toda equipe que fez esse filme, que trabalhou com a gente todos são profissionais, e isso me deixou muito feliz...". Opa, pera aí! Como uma equipe de profissionais consegue fazer uma coisa dessas? Isso é motivo de felicidade? Se fossem amadores, seria até compreensível a pobreza do comercial, mas o simples fato de saber que ele foi feito por profissas é como uma punhalada no peito.

Pra finalizar com chave de ouro, ele profere os seguintes dizeres: "...foi uma emoção muito grande. E me chamem mais, eu quero participar de outros também."

Preciso dizer algo mais? Sim! Atentem para o gerundismo. Só isso.

Mas e ai, vamos abrir uma votação pra ver o que causa mais vergonha alheia? A propaganda, ou esta pseudo entrevista?