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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"E Volta o Cão Arrependido...

... Com suas orelhas bem fartas, o seu osso ruído, e o rabo entre as patas!". Este verso deveria ser repetido sabe-se lá quantas vezes pelo nosso eterno Chaves. Ficaria triste, ele, se visse que sua bela poesia -recitada no festival da boa vizinhança- fosse usada pra escrever um texto como esse. Por quê? Esta simples pergunta tem uma série de respostas. Mas a chave de todas as respostas se encontra na mesma palavra: Mesmice. Talvez uma mesmice até maior do que este verso cantado (e coreografado) 65 vezes seguidas.



Vamos às considerações dos dois primeiros meses do ano de 2011 (e é exatamente disso que o texto se trata):



1- O nome do/a Presidente da República mudou. O governo não. A presidência da Câmara mudou de partido. Mas não saiu da base aliada. A do Senado continua a mesma. Aprovaram um aumento de 62% do salário dos parlamentares. Salário este que já tinha números exorbitantes. Enquanto isso, o reajuste do salário mínimo ficou abaixo da inflação. O partido dos TRABALHADORES foi a favor de um salário de 545 R$. E votou a favor do aumento de seus próprios salários (com exceção de alguns deputados, porém, grande minoria).



2- O preço das passagens, de ônibus, trens e Metrô aumentou (Como em todo ínicio de ano). A qualidade não. As pessoas continuam se amontoando como podem pra entrar nos coletivos. Enquanto isso, a Supervia (empresa que "administra" os trens fluminenses) faz campanha pra acabar com os "Empata-Portas". Alguém avisa pra essa porra de empresa que eles só existem porque o trem superlota todo dia? Hoje mesmo de manhã, uma menina teve que sair do vagão porque desmaiou devido ao calor. Ou seja, pagou 2,80 R$ pra sentar na mamona. É a lógica da maximização dos lucros desenfreada. Porém, se você tentar andar de ônibus não vai conseguir. Principalmente se estiver chovendo. Milhões de carros nas ruas estreitas da cidade. A valorização do transporte individual causa transtornos e sucateamento dos coletivos. Sinal de que o mercado automobilístico vale mais do que a sua pessoa.



3- Estudantes continuam a ser reprimidos e tratados como bandidos em qualquer tipo de manifestação. Seja em favor do passe livre, ou para melhoria das condições de estudo. Semana passada um aluno do Colégio Pedro II de São Cristóvão foi preso quando um grupo de alunos protestava contra as condições das "Saunas de Aula" do colégio. Lutam por seus direitos e são chamados de violentos (mesmo quando são freados por balas de borracha e spray de pimenta pela polícia) e vagabundos.



4- O mesmo vale para os movimentos sociais. Sem espaço na grande mídia, que mostra o que pode usar para criminalizá-los, e omite seus trabalhos perante a sociedade. Vale lembrar que que a CPMI do MST foi fechada por falta de provas contra o movimento. Nada foi falado na televisão a respeito. Porém, o ataque aos famosos laranjais volta e meia são lembrados.



5- O único partido de esquerda com representantes na Câmara e no Senado se apresenta como a verdadeira oposição e mostra aos poucos quem está ao lado da classe trabalhadora. Lembremos que o Partido Socialismo e Liberdade foi o único partido a votar integralmente contra o aumento dos Deputados Federais e propôs um salário mínimo de 700 R$ na última votação. No Rio de Janeiro, Marcelo Freixo mantém seu gabinete na assembléia legislativa aberto aos movimentos sociais e mantém uma luta forte contra o poder paralelo, tentando investigar profundamente as articulações do crime organizado no estado (principalmente as milícias), ao contrário do que o atual governo do PMDB tenta fazer, um projeto artificial de segurança pública, associado à uma propaganda (aceita e veículada também pela grande mídia) que tenta vender que o crime está sendo combatido como deve ser. Balela.



Alguma novidade até ai? Para mim,não. O Clima, como não queriam os nossos amigos da vila, não é de boa vizinhança.



Bom, a novidade boa fica por conta do Oriente, onde rola uma onda de manifestações populares contra ditadores de longa data. O Egito foi o país que teve a maior repercussão, o que levou o Presidente Mubarak a sair do poder. Agora parece que o foco é na Líbia. Mas falo sobre isso numa outra oportunidade. Mas se quiserem entender o que realmente anda acontecendo, seria de bom agrado que não ligassem em jornais da grande mídia Brasileira. Sempre deixam de lado as lutas e as relações de poder, pra focar na violência pura e simplesmente. Ou então, resolvem falar como estão os brasileiros na região. Nessas horas a internet é uma peça valiosa.