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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Precocidade

Não é ciência, não é comprovado, não é nada, é só sensação.

Volta e meia nos pegamos meio incorfomados com crianças muito novas falando ou fazendo coisas "inapropriadas para a idade". Vemos a garotinha de 7 anos dançando funk na calçada da rua no melhor estilo Absoluta, o moleque de 8 falando um monte de palavrão, meninas de 12 anos grávidas, jovens de 14 falsificando carteirinhas de identidade para entrarem em lugares apenas permitidos para maiores de 18, jovens recém-chegados a adolescência envolvidos com drogas, bebendo pra caralho também, muitos loucos para dirigir, e blablabla. Achamos isso um absurdo, como se estivessem pulando etapas da vida e prejudicando seu crescimento. E isso acontece mesmo.

Mas será que esses são só "desvios", frutos de pessoas mal educadas e que não tiveram boas referências ? Eu não penso desse jeito. Acredito que a nossa própria sociedade dê alguns impulsos para essa tal precocidade, que na maioria das vezes não são vistas como males ou pulos na "escada do crescimento".

Outro dia fiquei sabendo que um menino de 8 anos fora inscrito num curso de empreendedorismo. Precisa dizer mais alguma coisa? Porra, o moleque tem só 8 anos, tem que ir brincar, aproveitar sua energia para viver seu momento de infância, sem preocupações demais. Como a cabeça dele iria suportar um curso desse tipo? É hora dele se preocupar com seus bonecos, sua bike, sei lá, mas já pensar em ser um empresário rico e bem sucedido nessa idade?

Crianças de dez anos são submetidas a intensas horas de estudo para passarem em concursos de bons colégios públicos. Será que é essa hora da pessoa enfiar a cara em livro pra estudar pra uma prova difícil?

Aos 17 anos, já temos que escolher qual curso queremos fazer na faculdade e qual profissão deveremos seguir. E se nos "atrasamos" para tal escolha, somos considerados velhos para o mercado de trabalho.

Para os atletas, é preciso despontar no máximo até os 20 anos. Se não, você não tem futuro, outros virão e te engolirão. Hoje mesmo eu estava assistindo a um jogo de tênis, pela FED Cup (competição internacional de tênis feminino) e a jogadora profissional brasileira tinha apenas 15 anos de idade.

A verdade é que vivemos numa sociedade onde ser infantil é visto como uma coisa ruim, atrasada, defasada. Obviamente, para adultos há situações onde atitudes similares a de crianças não são bem vindas. Mas parece que tal pensamento se expandiu para os mais jovens, e da maneira ruim. Quanto menos eles parecerem crianças, melhor.

A menina mais bonita da sexta série, é geralmente escolhida pelo tamanho dos seus seios. Os meninos de 11 querem saber quem já tem cabelo no suvaco ou no saco e se sentem fodas demais por isso. Simplesmente por estarem abandonando suas feições infantis e adquirindo feições adultas, que seriam consideradas superiores.

Parece que ninguém para pra pensar nisso, e só nos deparamos com a realidade, quando a coisa foge para o lado moral/sexual. Não tenho certeza, mas parece que o resultado disso são adultos ranzinzas, sem espírito esportivo, e que acham qualquer coisa que você faça que pareça infantil uma imensa bestialidade. Ou seja, te acham um imenso idiota só porque você falou que a Luiza estava no Canadá. (Mas jogam RPG on line, isso pode, ninguém está te olhando.)