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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Guia para ser um babaca de qualidade em tempos de greve nas universidades


Lição n° 1 - Foque exclusivamente sua análise nos "prejudicados". Enfatize como será ruim atrasar as aulas e, se puder, aumente dizendo que não poderá viajar no final do ano por causa da greve.

Lição n° 2 - Ignore as condições de trabalho e estudo existentes nas IFES. Se você é aluno de uma delas e estuda num campus com boa infraestrutura, finja que todos os seus colegas de universidade compartilham do mesmo espaço de estudo que você. Se estuda num campus ou instituto onde as coisas não são tão boas assim, diga que seus colegas e professores estão reclamando de boca cheia. Mas sempre forje um escândalo quando for ao banheiro e não tiver sabão para lavar as mãos, ou papel pra limpar o cu.

Lição n° 3 - Lembre que todo professor universitário "ganha bem". No entanto, não leve em consideração o grau de instrução da categoria. Nem sequer ouse lembrar que há outras profissões cujos profissionais não necessitaram de tanto estudo quanto os professores das universidades federais e que recebem salários bem maiores que o da categoria.

Lição n° 4 - Se você é um aluno de uma IFES e reclama de alguns professores "falcatruas", fale deles como se estes representassem todo o grupo de trabalhadores. Ignore o fato de que há pessoas extremamente comprometidas com seus trabalhos e que reclamam mais reconhecimento por parte do governo federal.

Lição n° 5 - Se você não é aluno de uma IFES e não está muito interessado em saber sobre a situação das universidades públicas, mas no entanto, não quer soar desatualizado, diga que a causa é em vão e que só fazem isso pra ferrar os alunos.

Lição n° 6 - Se for um aluno babaca de uma faculdade particular, diga que foi por causa de possíveis greves que não foi estudar em uma universidade pública. Jamais mencione que não passou no vestibular, e tente se gabar, porque afinal, sua universidade não tem esse tipo de problema.

Lição n° 7 - Se é aluno de uma universidade em greve, mas não concorda com ela, não perca seu tempo discutindo suas opiniões com alguns estudantes. Afinal, esses pseudo-revolucionários não merecem a sua atenção.

Lição n° 8 - Se não fizer parte de uma IFES ou outra universidade pública em greve, mas tiver o mesmo preconceito explicitado no item acima, ignore o fato de que esses estudantes muitas vezes precisam trabalhar para sustentar seus estudos. Lembre sempre dos filhinhos de papais que lá estão. Sempre esqueça do fato de que lá estão grandes seres pensantes, futuros profissionais de extrema capacidade intelectual (apesar das dificuldades nas condições de ensino de muitos deles).

Lição n° 9 - Se por acaso tomar conhecimento de algo errado feito por algum(ns) membro(s) do movimento em favor da greve, faça questão de mostrar que todo o movimento é assim.

Lição n° 10 - Esqueça que greve é direito do trabalhador. Mostre que estes só estão preocupados com seus próprios umbigos, e que se estivessem realmente preocupados com o futuro do país estariam TRABALHANDO, pois é assim que um país cresce.

Lição n° 11 - Esqueça que, antes de qualquer greve, há uma tentativa de diálogo e negociação. Mostre sempre o quão inconsequente é esse tipo de mobilização, ainda que você não tenha conhecimento de nenhum outro que tenha dado resultados.

Lição n° 12 - Não fale absolutamente nada sobre plano de carreira, ou condições para aposentadoria. Afinal, é bom salientar que o professor só tá ali por causa de dinheiro e ele já "ganha bem pra caralho".
Lição n° 13 - Se por algum acidente se meter em um debate sobre a greve e tiver que propor alguma ideia para a melhoria da educação, grite logo: "PRIVATIZAÇÃO", é a saída mais rápida e eficaz. Afinal, privatizar faz tudo dar certo.

Lição n° 14 - Desqualifique qualquer ação como meramente ideológica, como se a sua desqualificação não fosse.

Lição n° 15 - Se for professor, estiver no topo da carreira e além disso ganhar dinheiro com outras atividades (algumas privadas utilizando inclusive o nome da instituição de ensino publica em que trabalha), use dos argumentos mais hipócritas para justificar a não entrada na greve.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Síndrome do Underground

Já há um bom tempo que eu ouço falar em uma tal de "orkutização".

Tom pejorativo, ar de elite, distanciamento de uma realidade da qual alguns negam tanto que parecem até que nunca tivessem se "orkutizado" na vida.

Posam com um ar de "too cool for the crowd", mas repetem as mesmíssimas coisas que o povão faz, mas com uma pitada de erudição que é mais maquiagem do que qualquer outra coisa (assim como estou tentando fazer agora).

Refletem todos os preconceitos de uma sociedade excludente, só esquecem de lembrar que muitas das vezes eles são os excluídos também.

Mas, por alguma diarreia mental, se colocam em algum lugar do qual não fazem parte e acham que o nível de "orkutismo" se baseia na capacidade de uma pessoa escrever e falar "corretamente", talvez com algumas tacadas de estrangeirismo pra mostrar que ser bilíngue é um "must".

Tem ciúmes de coisas que eles gostam. Só eles podem gostar daquilo, como se gosto fosse alguma espécie de regime de propriedade, onde só uma elite esclarecida pode ter acesso ao "bom gosto".

Choraram quando ouviram a Adele no rádio, pois ela havia "orkutizado".

Tudo que era até então "propriedade" deles, de repente os fez sentir como se tivessem se misturando com a gentalha, e essa estragaria tudo o que houvesse de melhor nessa vida (que obviamente, deve se restringir aos poucos e bons)

Em contrapartida, não esperam nem um segundo pra falar do "mal gosto da ralé", e como gostariam de um mundo onde apenas os cidadãos de "bom gosto" existissem.

Nessas horas eu é que não tenho vontade de me misturar com essa gentalha... vamos, tesouro!