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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mar de Abril

Há um ano atrás eu saí de uma aula de Antropologia (com a Gláucifer) na minha querida e longínqua Universidade Federal Fluminense e não fazia a menor idéia do que estava acontecendo. Saí em direção ao centro de Niterói e me deparei com diversos pontos de alagamento. Nada de anormal para uma cidade caótica como essa. Só me dei conta do estrago que havia ocorrido quando cheguei no terminal de ônibus da Praça XV na companhia do meu amigo e colega de curso Caio Charles e vi uma quantidade anormal de pessoas para o horário. Olhei pro 349 e via gente no ônibus com a cabeça pro lado de fora da janela. Pensei "Que porra é essa? O fim do mundo?" Fiquei meio desnorteado, sem saber o que fazer ou pra onde ir, até que consegui dormir na casa de uma tia que mora perto do centro do Rio. Meu problema não durou mais de duas horas. Mas mesmo assim foi o suficiente para eu escrever os seguintes (e limitados) versos:

"A chuva caiu
E a cidade toda alagou
E na Avenida Brasil
Todo mundo se afogou

A chuva caiu
E a cidade inteira parou
E na Central do Brasil
O trem superlotou

Todo mundo tá ilhado
Todo mundo, naufragado
E agora, seu Eduardo?

Você que prometeu nos dar a solução
E só fodeu a gente
Aumentando o tarifão

Todo mundo tá ilhado
Todo mundo, naufragado
E agora, seu Eduardo?

É o mesmo perrengue toda vez que chove
E tu com as Olimpíadas tá sempre tão esnobe
E na sua casa não entrou nenhuma gota
Eu espero que você privatize a sua esposa

A chuva caiu
e a Comlurb não passou
E a cidade inteira
num lixão se transformou

A chuva caiu
E ninguém mais acordou
E no dia seguinte
Geral não trabalhou"


Como disse, meu problema não durou mais do que poucas horas. No entanto, os verdadeiros prejudicados sofrem há um ano. Na verdade, há muito mais tempo que isso. Sofrem com a criminalização das suas lutas, com a falta de moradia adequada, assistência na saúde, e principalmente da falta de respeito por parte dos grupos que governam os seus respectivos municípios e estados. Não aconteceu da pior forma comigo, talvez isso valha pra você também. No entanto, num mundo excludente por 'projeto', não me absteria de uma possível realidade futura para a minha pessoa. E nem para a sua. Abre a porra do olho, caralho!

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