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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Vamos marchar?

Foi capa na revista Carta Capital há um tempo atrás a série de protestos que rolaram em várias capitais do país. As mais comentadas foram a Marcha das Vadias (do termo Slutwalk, em inglês) e a Marcha da Liberdade.

Eu estive na segunda. Muita gente a associou à conhecida Marcha da Maconha, uma vez que muitos de seus manifestantes carregavam cartazes com dizeres favoráveis a descriminalização da droga. Além disso, diversos coros de cunho bem humorado e provocativo foram enunciados pelo mesmo propósito.

Como todo protesto que vai à rua tem a sua repercussão, não deixou de ser diferente com esse. E como, segundo um amigo meu "brasileiro é foda", sempre tem um filho da puta que não se presta nem a ouvir ou ler direito sobre o assunto pra já sair metendo o malho. Não foi diferente nesse caso, com as famosas declarações do tipo "bando de maconheiro desocupado", "é tudo puta" ou qualquer declaração de cunho pejorativo que tentasse difamar o grupo que se organizou para externar a sua insatisfação. Como consequência, esses 'críticos' pretendem dizer o seguinte: "Sua aspiração é em vão, viva numa ilha auto-suficiente como eu e não será necessário prestar um papelão desses".

Como todo movimento acaba de certa forma gerando um debate, um dos questionamentos mais frequentes frente a essa série de manifestações (leia-se Parada Gay, Marcha da Maconha, Marcha da Liberdade, Marcha das Vadias, etc.) foi a seguinte: "Por que o povo vai à rua para essas marchas, e não mobiliza-se para reivindicar melhorias na saúde e educação públicas, ou para o combate à corrupção?" Uma pergunta parecida a essa fez parte de uma matéria do jornal O Globo. O MST respondeu, mas teve sua resposta ignorada. A declaração do movimento pode ser vista no site do mesmo.

Mas lá vou eu tentar responder (com as minhas devidas limitações) a essa questão. Primeiramente, a população SIM se mobiliza em nome da educação. Os professores da rede estadual do Rio de Janeiro estão em paralisação há mais de um mês e parece que ninguém se deu conta disso. Não é incomum você andar na rua e ver camisetas e/ou adesivos com os dizeres "Operação respeito à educação: Eu apóio." (estratégia de divulgação que eu abomino, mas vá, é por uma causa bacana). Quanto à saúde, confesso que estou por fora. Quanto à corrupção, vejo que qualquer movimento que tem características de descontentamento com a realidade e que caminha para a justiça social, seja de combate a corrupção. O movimento do Corpo de Bombeiros carioca combateu veemente a corrupção do calhorda Sérgio Cabral. O mesmo fazem os docentes. Pagar menos de mil pilas pra essas ocupações e conceder bilhões de isenção fiscal pra um monte de empresa é corrupção sim!

Agora, o mais interessante, é que sobre os movimentos que falei, é conveniente à grande mídia limitá-los a um só tópico. O movimento dos bombeiros não foi só um movimento reivindicando aumento da base salarial da classe, mas sim uma luta por melhoria das condições de trabalho, dignidade e reconhecimento por parte da sociedade e do Estado. A dos professores não é outra coisa senão luta pela educação gratuita, democrática, laica e de qualidade. Quanto às tão criticadas Marchas da Liberdade e das Vadias, afirmo que a primeira foi uma junção de insatisfações: oligopolização da mídia, construção da usina de Belo Monte, homofobia, repressão policial, baixos salários, criminalização dos usuários de drogas e por ai vai. Já a segunda, não foi um aglomerado de putas mostrando os peitos não. Foi uma forma irreverente de se chamar a atenção para uma questão de violência contra a mulher, algo aparentemente retrógrado mas que assola milhares de lares.

Mas e ai, por que não bater diretamente nas teclas de saúde e educação? Bom, é uma ótima ideia. E garanto que os mobilizados acima estariam dispostos a se meter nessa. Resta saber se o setor conservador que atacou os manifestantes (como o senhor Carlos Massa, também conhecido como Ratinho, ou bosta para os entendidos) está disposto a entrar nessa, uma vez que defendeu estas prioridades, em detrimento de "assuntos de vagabundo", como maconha e piranha.

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